Um condomínio em São Paulo se viu envolvido em um caso que demonstra como a falta de comunicação e da ausência de resolução de conflitos podem ter consequências graves. Uma brincadeira entre adolescentes se transformou em agressões entre a condômina e o síndico, culminando em boletim de ocorrência, ação judicial e um clima de tensão no condomínio.
Tudo começou com um grupo de adolescentes que impediu o filho de uma condômina de brincar no salão de jogos. O menino, sem questionar, foi para a quadra de esportes. Mais tarde, duas amigas dele, chorando, pediram ajuda à condômina, relatando terem sido agredidas pelo grupo de adolescentes. Ao tentar intervir, a condômina se deparou com o filho do síndico, que assumiu a autoria da agressão e questionou sua intervenção. Ela o alertou sobre as possíveis consequências de suas palavras e o aconselhou a ter cuidado.
Minutos depois, a situação se agravou, culminando em uma briga entre a condômina e o síndico, que chegou ao local com tom de voz alterado e questionando-a sobre o que havia conversado com seu filho. Assustados, os adolescentes presenciaram toda a cena. As imagens do circuito interno de segurança revelam o salão de jogos, que antes era um local de lazer, se transformando em um ringue.
O filho da condômina, traumatizado pelo ocorrido, teme frequentar as áreas comuns e deseja mudar de condomínio. As partes registraram boletim de ocorrência, o síndico alegou legítima defesa e pede retratação e indenização pela acusação.
O caso demonstra como um simples desentendimento entre adolescentes se tornou a gota d’água para um conflito maior, que já vinha se desenhando há algum tempo. Dias antes da briga, a condômina questionou o síndico sobre as contas de 2023, e os moradores solicitaram sindicância e afastamento do síndico durante a apuração.
No presente caso, acredito que a raiz do problema esteja na falha na comunicação e na ausência de escuta ativa. A condômina não se sentiu ouvida em relação à prestação de contas e o síndico não soube como lidar com a situação, não apresentou os documentos solicitados nem esclareceu os questionamentos, o que contribuiu para a escalada do conflito.
A mediação poderia ter sido uma ferramenta eficaz para resolver o conflito, proporcionando um ambiente confidencial e seguro para que os envolvidos pudessem dialogar, expressar seus interesses e suas necessidades e buscar uma solução consensual. Através da mediação, o síndico e a condômina teriam a oportunidade de:
→ escutarem com atenção o que é dito e o que não é dito (o que está por trás do aparente conflito)
→ reformular o que se ouviu para garantir a compreensão
→ fazer perguntas para aprofundar pontos que não estavam claros
→ evitar conclusões precipitadas
Para evitar que casos como este se repitam, é fundamental que os condomínios invistam em assessoria jurídica qualificada que pode auxiliar e orientar o síndico e os condôminos sobre seus direitos e deveres e em uma equipe de mediação especializada que irá atuar também na prevenção e na resolução de conflitos de forma rápida, confidencial e transparente, evitando que os mesmos escalem e terminem no judiciário.
A prestação de contas clara e detalhada na gestão condominial é essencial para garantir a satisfação dos condôminos e evitar desconfiança.
O caso deste condomínio de São Paulo serve como um lembrete de que a comunicação eficaz e a resolução de conflitos com o auxílio da mediação são ferramentas essenciais para a harmonia em qualquer comunidade condominial.
Através do diálogo, da escuta ativa e da busca por soluções consensuais, é possível construir um ambiente mais pacífico e evitar que pequenos desentendimentos, como os decorrentes de uma brincadeira de adolescentes, se transforme em um verdadeiro pesadelo e disputa judicial, causando desgaste emocional e financeiro que afetará o bolso de todos os moradores.
Como eu sempre gosto de destacar: o diálogo constrói soluções.
@carloseduardochiapetta