Você já se perguntou qual o custo de um conflito quanto se opta por trilhar o caminho do silêncio ao invés da solução por meio do diálogo, da mediação? Isso vale para os conflitos na família, escola, empresa, comércio e, claro, no condomínio.
O conflito pode começar com um simples olhar na área comum do condomínio, o caminhar com sapato, a ausência de comunicação clara, a interpretação equivocada de normas e de regramentos constantes na convenção e no regimento interno etc. Se não resolvido, o conflito pode interferir na tranquilidade da comunidade condominial.
Considerando esses aspectos, apresento alguns pontos que podem ajudar a manter o equilíbrio e diminuir o conflito na convivência dessa “grande família”.
A falta de harmonia sai caro
Para que a comunidade condominial permaneça tranquila, é importante a participação do maior número de moradores nas assembleias, nas reuniões, no cotidiano, o que reverbera no sentimento de pertencimento. Quando isso não ocorre, a consequência é a inimizade entre os moradores, a perda da confiança no síndico, o desinteresse na tomada de decisões que vão afetar a vida de todos etc.
O o momento para ação é no primeiro sinal do conflito, para que seja possível compreender o que está motivando a disputa. E essa ação pode ser tomada pelo síndico ou pelos condôminos. Portanto, busque conversar com o outro e escute para compreender e não apenas para responder. Se o conflito envolver mais pessoas, faça reuniões individuais ou coletivas para que todos possam expressar suas preocupações, interesses e necessidades.
Quando a convivência vira conflito
O condomínio em que a convivência é ruim, agrega um valor negativo, que desvaloriza o empreendimento. Por isso é importante a gestão eficaz do conflito, caso contrário haverá prejuízos inclusive no orçamento devido às unidades vagas e a dificuldade em conseguir novos moradores.
A dica é buscar ajuda de um mediador condominial que auxiliará na retomada do diálogo, na comunicação eficaz para sanar esses problemas de convivência. Também é interessante contar com líderes em cada bloco do condomínio para auxiliar o síndico na gestão de conflitos.
Comunicação em foco
A comunicação clara e simples é uma ferramenta importante na gestão dos conflitos condominiais. Aliás, por vivermos em um país democrático, é comum pensarmos e termos opiniões diferentes, ainda mais em um condomínio em que convivem pessoas com cultura, crenças e pontos de vista diferentes.
Por isso, é importante compreender o que está por trás do que está sendo dito, da inconformidade com determinada situação. O morador que evita o diálogo como meio de solução dos conflitos, está incorrendo em um equívoco, pois essas questões podem inflar com o passar do tempo, visto que novas disputas surgirão no dia a dia. Portanto, estimule os moradores a compreenderem um a fala do outro antes de fazer um pré-julgamento.
Estratégia para gestão de conflitos
O síndico, por também exercer o papel de gestor de conflitos, deve desenvolver habilidades na área da comunicação, da escuta ativa, para que os condôminos se sintam pertencentes e respeitados nas suas manifestações. A construção do consenso deve ser conjunta e não imposta, por tratar-se de uma comunidade.
Mediação condominial
Por fim e não menos importante é a adoção da medição condominial como meio eficaz, rápido e acessível para a solução dos conflitos condominiais, seja com o morador, síndico, funcionários, administradora, empreiteira, prestadores de serviços etc.
O melhor é buscar antes do conflito se instaurar, mas nada impede que seja utilizado quando a disputa já estiver instaurada. Uma dica importante é incluir uma cláusula na convenção, no regimento interno e nos contratos firmados pelo condomínio referindo que todo e qualquer conflito será tratado, em um primeiro momento, na mediação, seja extrajudicial ou judicial. Mesmo para os casos em que essa cláusula não tenha sido redigida não há contraindicação da busca do meio dialógico, inclusive para os processos que estão tramitando no Judiciário.
Ressalto que, por previsão legal, o síndico não pode ser mediador no condomínio em que ele exerce o seu ofício, visto que dentre os requisitos, ele deve ser imparcial.
Conclusão
A prevenção de conflitos é tão importante quanto a solução, caso contrário acarretará impactos negativos, como a desvalorização do condomínio.
Investir em gestão de conflitos, ter canais de comunicação abertos e promover o diálogo, por exemplo, evita que pequenas discordâncias escalem para conflitos em que será necessário a busca do Judiciário.
Por isso, ao priorizar o diálogo ao silêncio, se constrói um ambiente mais tranquilo, com qualidade de vida melhor para todos, até mesmo pelo fato de que a comunidade se sente valorizada, ouvida e por consequência participará mais do cotidiano condominial.
A partir dessas dicas é possível afastar as crenças de que a solução dos conflitos apenas é possível com o acesso ao Judiciário ou que o silêncio, no sentido de temer o conflito, sejam os únicos caminhos a seguir.
E como sempre falo: o diálogo constrói soluções!
@carloseduardochiapetta